décimo quinto
Se caíres, caímos os dois. Caiem exércitos aos pés dos
inimigos. Casas com tempestades. Amantes com desencontros. Tudo cai, tudo se
ergue. Caindo, erguermo-nos. Repetindo, voltamos a erguer numa espiral
interminável. Tal como nós o somos, intermináveis. Sobrevivo ao meu amor por
ti, amando-te. Remanesço, diluindo-me pelo tempo vindoiro, sugando-me na
escuridão e ressurgindo na alvorada. Sou por ti nas quedas e nestas sou por
nós. Pelos dois. Contrario o monólogo com diálogo e a unidade com a dualidade.
Sou e existo por ti e por nós. Os dois. Sou pelo que não existe, mas definha
pela inexistência. Nesta, em incoerência, fortaleço-me. Fortalecemo-nos. Rimo-nos
ao cairmos, ridicularizando a queda. Submetemo-la à variabilidade da vida e rotulamo-la
à sua futilidade. A inexpressão da queda dá-nos ânimo para a sua suplantação.
Sou assim, somos assim. Admito que sim. Na superação revejo-me, revia-me. Era
eu, não tu.
Cláudio Barradas
Foto: Google Images |
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