Dissolveria o mundo por
ti, gritando nu. Buscava-te por aí. De preferência onde não estivesses, mas
onde tivesses passado. Estado. Assim é. Assim seria. Um mais um menos um.
Concretizamo-nos na realidade dos acontecimentos, sorvendo a sua energia.
Calibramos a respiração, quando nos realizamos, numa melodia singela, frutuosa
e aromática. Fossemos um todo e sentiríamos este acontecimento como uma
rebelião de esforços dos nossos íntimos desejos. Do nosso olhar extraviado. Em
conluio, gritaríamos quem não somos, lutaríamos por quem não quer e faríamos
nada. Só, nada. Um vislumbre de tudo, do todo. De nada. Fossemos um todo e
revolucionávamos a nossa vontade de sermos. De estarmos vivos. A nossa pretensão
de contrariar o nada, de o esmiuçar e reduzir a tudo, do nada. Fossemos um todo
e singraríamos de todo e por todos, apenas para sermos, o que não somos. Um
todo. Amaríamos a verdade das coisas, dos seres. Seríamos uns apaixonados do
nada, que é tudo. Buscava-te nu, mesmo assim. Ao amar-te. Mas era eu, não tu.
Cláudio Barradas
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