sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Songs of lust and lost - a demanda da paz - décimo oitavo



Dissolveria o mundo por ti, gritando nu. Buscava-te por aí. De preferência onde não estivesses, mas onde tivesses passado. Estado. Assim é. Assim seria. Um mais um menos um. Concretizamo-nos na realidade dos acontecimentos, sorvendo a sua energia. Calibramos a respiração, quando nos realizamos, numa melodia singela, frutuosa e aromática. Fossemos um todo e sentiríamos este acontecimento como uma rebelião de esforços dos nossos íntimos desejos. Do nosso olhar extraviado. Em conluio, gritaríamos quem não somos, lutaríamos por quem não quer e faríamos nada. Só, nada. Um vislumbre de tudo, do todo. De nada. Fossemos um todo e revolucionávamos a nossa vontade de sermos. De estarmos vivos. A nossa pretensão de contrariar o nada, de o esmiuçar e reduzir a tudo, do nada. Fossemos um todo e singraríamos de todo e por todos, apenas para sermos, o que não somos. Um todo. Amaríamos a verdade das coisas, dos seres. Seríamos uns apaixonados do nada, que é tudo. Buscava-te nu, mesmo assim. Ao amar-te. Mas era eu, não tu.

Cláudio Barradas

Sem comentários:

Enviar um comentário