quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Songs of lust and lost - a demanda da paz - décimo quarto

décimo quarto


Mesmo se todo o mundo estivesse a olhar eu dançaria contigo. Não sabes mas odeio dançar. Mas dançaria contigo. Fazia tudo contigo. Contigo. Não posso. Não sabes e não queres. Não quererias se soubesses. Não faz mal. Está tudo bem assim. Dentro da normalidade do nosso afastamento, do nosso desencontro. Do nosso desamor. Vivo assim, dentro da normalidade de um amor existente, mas não mútuo. De um amor real, mas dentro da minha imaginação. De um amor presente, mas distante. Distante de ti, de nós. Não de mim. Dou por mim a pensar em ti. Sempre e como um louco. Como um louco por ti. Sedento de notícias tuas, de sinais. De provas de vida, de existência, de felicidade. Sou feliz com a tua felicidade e isso para mim basta. Sacia-me. Basta assim, sabes? Simples assim para me sentir bem com a vida. Comigo. Aceitei esta condição de suplente não utilizado. Não convocado sequer. Nem pertenço à equipa. Mas estou aqui, como sempre a imaginar-me contigo. A contemplar-me em ti, tal e qual assim. Visiono-nos juntos, a partilhar a vida. Numa luta não violenta por nós, pela nossa vida. Não acontece. Não vai acontecer. Sou corroído por esta impossibilidade, por este não acontecimento. Sinto-me vivo assim, mas a definhar bem lentamente neste amor em uníssono. Neste monólogo de desejo, de desejo de ti. Mas era eu, não tu.

Foto: Pinterest


Cláudio Barradas

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