Como uma força
fútil, equilibramo-nos no rigor da vida. Passamos tempo a determinar o
pré-determinado e a mitigar o factual passado. Corroemo-nos na divindade do
inatingível. Não mais somos que um espelho distorcido do que pretendíamos ser,
se o soubéssemos. Mais não somos que uma transparência fosca de um raiar arredado,
de uma aura assimétrica aos nossos desejos. Um bocejo infinito tolda-nos a
perseverança. Que não temos. De quem não somos. Somos sim um reflexo de nós.
Uma miragem fosca do que queríamos ser. Um raio de luz coberto de pó.
Determinamo-nos coerentemente na insensatez da nossa vida. A nossa vontade é
prescindível. Não serve o nosso propósito, é ignorada na e pela vida. Entretanto,
cingimo-nos ao acessório que nos é permitido, focando-nos no previsível, no
esperado. No que nos está destinado. No que me foi prometido. Era eu, não tu.
Cláudio Barradas
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